Consumo de energia x acúmulo de gordura

Desde a época dos pré-históricos nosso corpo trabalha com o foco em reservar energia, sempre pensando na lei da sobrevivência. O pré-histórico permanecia por dias sem se alimentar, mas quando encontrava alimentos consumia a maior quantidade que ele pudesse, porque nosso corpo é capaz de armazenar os excessos em gordura corporal, estoque de energia. Mesmo cometendo excessos ele não se tornava obeso devido ao grande gasto energético diário como também pelo fato de permanecerem por longos períodos sem alimento.

Nos dias de hoje, evoluímos muito em relação à tecnologia, com a indústria, conquistamos maior acesso aos alimentos, tanto pelos equipamentos de conservação, quanto pela indústria alimentícia que nos trouxe uma variedade de conservantes, para preservá-los por mais tempo, entretanto com tanta evolução vieram também maiores formas de conforto e sedentarismo, como os carros, computadores, etc.

Contudo, toda esta evolução nos trouxe:

  • Fácil acesso aos alimentos;
  • Alimentos industrializados ricos em gordura, sódio, conservantes, corantes- sedentarismo.

Ou seja, uma oferta grande de energia contra o gasto reduzido, o que só nos trás um acúmulo crescente de gordura acompanhado da redução cada vez maior da massa magra.

Como funciona o mecanismo de estoque

Gordura
A gordura tem funções fundamentais em nosso corpo, ela trabalha a proteção de nosso organismo, pois abaixo da camada de pele armazenamos uma reserva de gordura que além de ser uma reserva de energia, trabalha no controle da temperatura corporal.

  • Ela acaba por se concentrar em maior quantidade na região abdominal para a proteção dos nossos órgãos (gordura visceral), que em sua maioria se encontram nesta região.
  • Quando nos alimentamos repomos nossas necessidades energéticas, entretanto se houverem excessos do grupo de nutrientes das proteínas (Exemplo: carnes, leite e derivados) ou carboidratos (Exemplo: pães, massas, doces, frutas) o nosso corpo não os elimina, por nunca desperdiçar nutrientes.
  • Todos os excessos, tudo o que for além de nossa necessidade é transformado em gordura corporal e vai para o tecido adiposo (reserva de gordura corporal).
  • Contudo este percentual de gordura corporal aumenta conforme o consumo de energia, pois nossas células do tecido adiposo têm a capacidade de aumentar de tamanho conforme a quantidade de gordura que nosso corpo forma ou recebe. Mas este percentual também pode ser reduzido de acordo com o gasto de energia e o estilo de vida de cada um.
  • Se a gordura tem como um de seus principais objetivos garantir a reserva energética, qual energia realmente utilizamos ao longo do dia para nossas atividades diárias? A glicose.

Glicose
É o nutriente fundamental para nossas atividades diárias e para o funcionamento de nosso cérebro. Só para terem uma idéia utilizamos glicose com o intuito de suprir as necessidades de atividades simples como: raciocinar, dormir, ler; até as mais intensas como: caminhar, andar de bicicleta e fazer alguma atividade física.

  • Temos uma reserva de glicose que fica no fígado, esta reserva tem a função de suprir nossas necessidades energéticas nos momentos em que não estamos consumindo alimentos.
  • Desde que acordamos necessitamos repor nossa reserva de glicose, pois durante o sono passamos por um período longo em jejum, por isso o café da manhã é a principal refeição do dia, para nos oferecer a quantidade de energia apropriada para nossas atividades (gastos de energia) que iniciamos logo pela manhã.
  • Quando ficamos muito tempo sem nos alimentar esta reserva de glicose do fígado vai se acabando e nosso cérebro começa a reclamar pela falta do combustível principal para seu funcionamento. Ele reclama através de vários sintomas que podem variar de pessoa para pessoa: dores de cabeça, mal humor, tremedeira, grande sensação de cansaço, sonolência, desânimo, tontura. Além de reclamar ele aciona estratégias para que ele possa continuar funcionando, do contrário, a pessoa pode desmaiar por hipoglicemia.
  • Contudo nosso cérebro se defende captando energia (glicose) da massa muscular e impede ao máximo a liberação da gordura corporal, pois nosso cérebro entende que se mesmo liberando tantos sinais para induzir ao consumo, o alimento (energia) não vem, então pode estar começando um processo de desnutrição corporal. É assim que ele entende, o funcionamento do nosso cérebro não tem associação direta com nosso cotidiano, ele não entende se o indivíduo está realmente passando fome ou se apenas ficou mais tempo no trabalho e por isso não se alimentou, ele apenas faz seus comandos, desperta o apetite para que os alimentos sejam consumidos e atendam a nossa necessidade energética, mas se não são consumidos, considera que podem estar em falta e assim inicia a perda de massa muscular e só inibe a liberação de gordura para garantir que durante este processo a reserva energética mantenha-o vivo por mais tempo. Caso realmente faltem alimentos, é esta estratégia que garante nossa espécie viva, se liberássemos a gordura tão facilmente em ocasiões de baixo consumo energéticos, iríamos morrer muito rápido, nem chegaríamos a quadros de desnutrição avançada.
  • Uma grande evidência da perda de massa muscular é quando visualizamos desnutridos que não tem mais o desenho natural do corpo (musculatura), mas sim a evidência do esqueleto. Como também os casos de pessoas que fazem dietas bruscas e passam fome com o intuito de emagrecer e no final desta alimentação bagunçada acabam perdendo medidas do quadril, coxas, braços, rosto e o abdômen onde a gordura se encontra em maior concentração não se perde tantas medidas, favorecendo também o desenvolvimento da flacidez e celulite.

O que fazer para evitar toda esta bagunça?

O primeiro passo na re-educação alimentar é não ultrapassar 3 horas sem se alimentar, pois:

  • Mantém a reserva de glicose do fígado;
  • O cérebro funciona com maior eficácia, sempre terá energia disponível;
  • O apetite ficará equilibrado;
  • Inibe a perda de massa muscular;
  • Disponibiliza a perda de gordura corporal.

Se nosso corpo mantiver um equilíbrio energético, a reserva de glicose do fígado estará sempre mantida em quantidades necessárias, não será necessário o uso da massa muscular, nem a inibição da perda de gordura.
Ainda é importante ressaltar que quando ficamos muito tempo sem nos alimentar a tendência é da fome ser muito grande e no horário da próxima refeição será inevitável o consumo de quantidades exageradas.

Lembre-se de que os excessos sempre se transformam em novas moléculas de GORDURA.

Crédito imagem: Photl

Mônica Stockler

Mônica Stockler

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Mônica Stockler

Mestranda no Curso Internacional de Nutrição e Dietética com ênfase em Nutrigenômica e Antiaging, Universidad Europea Del Atlántico, Barcelona / Espanha.

Pós-graduada em Nutrição Clínica e Estética pelo IPGS em 2013.

Experiência em Atendimento Nutricional Clínico desde 2008, Graduada na Universidade Paulista- UNIP.

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